02/05/2017

Trekking ao Pontal de Tapes no Feriadão de Tiradentes

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei

Vista da bolanta, para as duas praias: de fora e de dentro...

Percurso marcado no GPS Garmin Etrex 30

Dia 1 (sexta-feira, 21/04/2017, Feriado de Tiradentes):

O amigo Luiz Giglio e eu (Pablo Grigoletti) resolvemos aproveitar o feriadão de Tiradentes para esquecer dos compromissos da vida na capital e entrar em contato com a natureza. Já haviamos acertado os detalhes (o roteiro, os horários e os equipos e mantimentos necessários). Então saímos cedo da manhã de Porto Alegre e fomos em direção a bela cidade de Tapes.

No meio do caminho paramos no tradicional Restaurante das Cucas para tomar um ótimo e caro ($$$) café. Logo depois paramos também na Tenda do Gordo para comprar duas garrafas de uma saborosa cachaça... Ainda na estrada, fiz uma ligação para o amigo tapense Rodrigo Ventura (Kanga) para pedir algumas dicas e acertar detalhes. Combinamos que nos encontraríamos no barracão do falecido Zé da Praia, no período da tarde daquele mesmo dia.

Chegando em Tapes, fomos direto para o Camping da Pinvest (primeiro tivemos que achá-lo...), onde pagamos um valor de R$ 30,00 para deixar o carro por lá, em segurança, até o Domingo. Arrumamos nossas tralhas nas mochilas, dividindo os equipos e alimentos, e fomos caminhar, sem muita ideia do real caminho... Ao começar a caminhada começou também a chuva.

Curiosidades da cidade de Tapes.
Foto tirada para o amigo Lucas, fã de Senhor dos Aneis...

Equipos prontos...

Depois da experiência um pouco traumática de entrar sem permissão nos campos do seu Lauri, quando fizemos o Trekking das Cumeeiras, resolvemos atentar para as placas de PROPRIEDADE PRIVADA. Então quando vimos uma, demos volta para tentar encontrar outros caminhos para chegarmos na Praia de Fora. Depois de perambular, de idas e vindas, voltamos ao local da placa e falamos com o senhor Roberto, que estava na porteira. Ele disse para não dar muita bola para a placa... Isso depois da gente citar o nome do Kanga.



Seguimos pelo caminho com as dicas do Roberto. Depois de muito caminhar e de muita chuva, chegamos a famosa Ponte da Barrinha. Já estávamos totalmente molhados. Isso colaborou em muito para que quase nenhuma foto fosse tirada neste dia.

Nosso objetivo era encontrar a bolanta do Zé da Praia, famosa pela grande quantidade de cachorros que dão as boas-vindas a qualquer pessoa que se aproxima. Depois de passar pela ponte, chegamos a uma possível (sem conhecimento do local, muita coisa se baseia em achismos e invenções de nossa cabeça) bifurcação: seguir na estrada ou entrar por uma trilha no meio dos pinus... Escolhemos entrar na trilha...

Pela trilha, usando o GPS, chegamos rapidamente a Praia de Fora. Ai veio a grande dúvida: o barracão do Zé fica para o norte ou para o sul? Olhei para os dois lados e resolvemos arriscar ir para o sul.

Passamos por uma bolanta, mas nada de cachorros, apenas o barulho de algumas moto e uma biz estacionada ao fundo. Apitei, gritamos um pouco, mas nada, ninguém apareceu, nem os cachorros...

Seguimos caminhando para o sul mas mal sabíamos nós que nunca mais acharíamos o barracão do Zé. Quando a chuva acalmou paramos para fazer um lanche. Depois do último lance de esperança, decidimos parar uma hora antes do pôr-do-sol, ou seja, paramos pelas 17:00. Paramos 1km antes do final do mato de pinus.

A chuva havia acabado mas toda a água parecia estar dentro de nossas mochilas. Equipamentos e roupas muito molhadas. Arrumamos o acampamento e botamos o material todo para secar o máximo possível.


Em poucos minutos o sol estava morrendo lá para as bandas de Tapes. Subimos em uma duna para fotografar o que conseguíamos ver do pôr-do-sol. Ao final, fizemos um arroz com galinha e tomamos aquela cachaça. A noite foi fria com as roupas e sacos de dormir ainda um pouco molhados...


(Foto: Luiz Giglio)

(Foto: Luiz Giglio)

 (Foto: Luiz Giglio)

(Foto: Luiz Giglio)



 (Foto: Luiz Giglio)

Dia 2 (sábado, 22/04/2017):

Neste dia, conforme a previsão: o sol apareceu, céu limpo e sol forte. Iniciamos o dia com os ritos matinais: alimentação, higiene pessoal, desmontar acampamento e guardar tudo nas mochilas. Depois disso, pelas 11:00, saímos para o sul, sem um objetivo ainda definido. Fomos caminhando e decidimos ir até o Pontal de Santo Antônio...

 (Foto: Luiz Giglio)

 (Foto: Luiz Giglio)


No meio do caminho encontramos outros trekkeiros (dois caras e uma guria de Novo Hamburgo). Eles já tinham ido até a boia verde e já estavam voltando. Naquele momento definimos nossa meta: chegar até a boia verde. Eu já conhecia a boia das vezes que remei pela região.

Demos algumas dicas para eles e também recebemos a dica de onde ficava uma boa bolanta para pernoitar... Depois de rápidas palavras cada grupo seguiu seu rumo.

Fomos caminhando até um mato um pouco antes da boia. Por sorte, a lagoa estava baixa e tinhamos um pequeno trecho de areia mais dura. Deixamos nossas mochilas por lá e fomos caminhando (quase sem esforço) até a boia. Tiramos algumas fotos e ficamos com aquela sensação de missão cumprida.

 (Foto: Luiz Giglio)

 (Foto: Luiz Giglio)


(Foto: Luiz Giglio)


Agora era só voltar... Na volta decidimos explorar mais os matos de pinus... Encontramos algumas bolantas escondidas...


Na volta estávamos bem cansados, pois o trecho de areia exigia um grande esforço. Passou por nós um grupo de jipeiros, acho que uns 10 carros... Nesse momento, estávamos sentados na beira da lagoa tentando usar o filtro Lifestraw, mas infelizmente este estava entupido. A água começou a virar uma preocupação entre nós.

No trecho mais fino do pontal, atravessamos pelas areias para a Praia de Dentro. De lá seguimos até onde ficava a bolanta indicada pelos trekkeiros de Novo Hamburgo. Terminamos nossa caminhada pelas 17:00 novamente. Acampamos ao lado da bolanta, pois lá dentro estava infestado de aranhas.

Nessa infinita highway... (Foto: Luiz Giglio)





Arrumamos acampamento, fizemos fogueira e ficamos tomando cachaça e descansado. Eu quase não me saí da volta do fogo.









Estávamos sem muita disposição para preparar a janta. Mas lembrei das dicas do instrutor Alvaro Walendowsky: - sempre se alimentar ao final da jornada. Então fizemos massa com linguíça. Tivemos MUITA sorte de encontrar bastante água limpa em garrafas, dentro da bolanta. Tratamos a água com clorin e nos reabastecemos para o último dia.

Depois ainda fomos dar uma olhada no céu estrelado. Um bom papo filosófico, algumas risadas e mais um dia terminava...

Dia 3 (domingo, 23/04/2017):

Acordamos mais cedo que no dia anterior. Os pés doendo e com algumas bolhas. O sol brilhando novamente.





Fizemos todas as questões matinais e pé na estrada (sendo sincero, ainda não tinha uma estrada). Fomos caminhando por entre os pinus, sempre costeando a lagoa, até encontrarmos a estrada. Nesse caminho encontramos diversas outras bolantas... Depois disso, seguimos e chegamos até a bifurcação do primeiro dia. Tudo guiado pelo GPS eTrex 30.



Nesse momento já estávamos tranquilos, pois o terreno era melhor de caminhar e já sabíamos restante do trajeto. Descansamos um pouco pois ainda havia um bom trecho de caminhada...

(Foto: Luiz Giglio)


O polvo da dúvida! Ele ficava bem onde a estrada se dividia...
Será que era um indicativo do caminho? (Foto: Luiz Giglio)

(Foto: Luiz Giglio)

(Foto: Luiz Giglio)


Chegando na ponte e falamos com o pescador Adão, que nos falou do grupo de Novo Hamburgo e também nos ofereceu água gelada. Tomamos e tentamos retribuir oferecendo a cachaça. Ele disse que não poderia aceitar pois não bebia mais...





Seguimos até o camping e terminamos nossa jornada, bem cansados e com bastante dor nos pés e nas pernas.








(Pés: Luiz Giglio) (Foto: Luiz Giglio)

Ao final liguei pro Kanga para falar sobre nosso desencontro. Fiquei sabendo que o local onde estava aquela biz estacionada era o Barracão do Zé. Infelizmente deu desencontro. Deixamos uma garrafa de cachaça de presente para ele por toda a gentileza de ter ido até lá nos levar um peixinho. Quando estávamos na Praia do Calçadão de Tapes apareceu o amigo Mica remando, perfurando a Lagoa dos Patos no seu caiaque verde limão... Conversamos um pouco e tiramos fotos.

Mica, Kanga, Pablo e Luiz (Foto: Luiz Giglio)

Depois, hora de pegar a estrada. Passamos novamente na Tenda do Gordo e compramos iguarias. Rumo a Porto Alegre. Assim se encerrou um final de semana de Trekking no Pontal de Tapes. Foram 66km por entre matos de pinus e beira de lagoa.

7 comentários:

  1. show e passeio gurizada, já sabem o caminho, na próxima vou junto. abraço.

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  2. Que legal, Pablo!! Mas tu não colocas a roupa em sacos estanques?
    E esta cachorrada, por que são conhecidos? Quero saber!
    Não sabia que tem tantas bolantas por lá.
    Acho que, a que vocês ficaram na segunda noite, foi a mesma que Leonardo e eu ficamos no ano novo de 2010. Dá uma olhada se é...
    http://seminhabicifalasse.blogspot.com.br/2011/01/ultima-caicada-do-ano-de-2010-31122010.html
    e aqui
    http://seminhabicifalasse.blogspot.com.br/2011/01/primeira-caiacada-de-2011-01012011.html
    Que ponte bonita aquela, onde falaram com o sr. Adão! E o arroio entrando na lagoa também, muito lindo!
    Muito legal a aventura de vocês mas, não levaram pouca água e muita cachaça??? rsrsrsrs Brincadeirinha!
    Bjinho!

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    1. Oi Tiane... sobre os cachorros, eles eram conhecidos por que qualquer um que chegava perto da bolanta eles davam boas vindas... e as duas vezes que passei lá de caiaque, mesmo estando dentro da lagoa, os cachorros já ficavam latindo... Hoje em dia o Rodrigo Ventura leva sacos de ração para os cachorros, pois o Zé da Praia já faleceu.

      E fiquei bem feliz em ver que realmente é a mesma bolanta... Ela se mantém bem conservada... o que é um bom sinal :) O lugar é realmente lindo... Bjos

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  3. Olá... Realmente, a bolanta que vocês pernoitaram no segundo dia estava cheia de aranhas, me parece que eram armadeiras!!rsrsrs... O trekking por entre os pinus é mais desafiador, porém mais gostoso. Chegaram a ver os cavalos? Tinham vários por entre as árvores! valeu a aventura... Agora rumo a próxima aventura! abraços Fernanda ( a guria de Novo hamburgo )

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    1. E ai Fernanda, legal ter encontrado o blog... É as armadeiras estavam por todos os lados... Acabamos acampando fora mesmo... mais seguro. Ficamos sabendo notícias de vocês quando chegamos na ponte... o pescador (Adão?) nos falou que ajudou vocês. Bora para a próxima... quem sabe combinamos algo qlq hora. Abraços!

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  4. Olá... Realmente, a bolanta que pernoitaram no segundo dia estava cheia de aranhas... Me parecem que eram armadeiras!!! rsrsrs... A caminhada por entre os pinus é mais desafiador ( quase nos perdemos, não estávamos com GPS), mas nos proporcionou inúmeras imagens que costeando a lagoa apenas, não teríamos a oportunidade de vivenciar... Valeu as dicas e as pegadas de vocês, pois foi por elas que nos guiamos na volta.rsrsrs !! Agora rumo a outra aventura.... Abraços, Fê ( "guria de Novo Hamburgo" )

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  5. Que legal, moro tão perto e nunca fiz esse trekking, vou tentar uma parceria para um feriadão desses. Valeu o relato, show de bola

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